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De olho nos cálculos trabalhistas: o barato pode sair caro
Com relativa frequência tenho observado no mundo corporativo, situações em que, durante os processos de aquisição de serviços, a Análise Custo x Benefício é completamente deixada de lado em detrimento da análise de custo simples e pura. O custo invisível resultante dessa postura, muitas vezes, pode ser devastador a médio e longo prazo para estas empresas.
Mais recentemente, tenho analisado compras Jurídicas, encabeçadas por "compradores", que no embalo da crise financeira, promovem uma busca desenfreada por menores preços em serviços, quase sempre resultando em frustações, decepções, desperdícios, falta de qualidade e outros custos decorrentes. Tipo de conduta que não se justifica quando olhamos para os resultados que tais contratações alcançam. Menores preços não são necessariamente os melhores preços para uma companhia. Isso resume tudo! A aquisição de serviços requer um olhar diferenciado.
Por conta de uma análise de compra rasa e muitas vezes inconsequente, o barato quase sempre custa muito caro. Contratar em nome (para) do Departamento Jurídico não é uma tarefa fácil, e infelizmente está longe de ser visto como atividade estratégica, resultando em prejuízos para muitas Corporações.
Ainda nesta semana recebemos na empresa uma cotação de serviços comandada por uma grande empresa, cuja resposta seguiria em planilha Excel (cotação de preços apenas). Foi a primeira vez que presenciei uma cotação de serviços por planilha que continha uma única coluna: A coluna preço! Comprovando a minha preocupação relatada neste artigo. Nada nos foi perguntado que resultasse em análise da qualidade de entrega, assertividade, comprometimento, capacidade de trabalho, relacionamento ou confiabilidade.
Como remunerar e pagar o mínimo possível ($$$$$$) a um escritório de Advocacia e esperar dele o melhor desempenho, dedicação e resultado na gestão dos processos jurídicos? Como selecionar um fornecedor de cálculos judiciais, simplesmente pelo menor preço, sem considerar a qualidade, a apresentação e a confiabilidade dos números, o nível de interação e envolvimento dos profissionais, os resultados do trabalho apresentado e etc....?
Na área jurídica eu poderia enumerar muitos benefícios ao considerar e pagar por mais qualidade. Lamentavelmente tenho presenciado inúmeras contratações de serviços jurídicos com decisões embasadas tão somente no preço. O quanto esta aparente economia tem custado realmente aos cofres destas empresas? Infelizmente a maioria dos gestores não está atenta a isso!
Por outro lado, não deveriam os profissionais envolvidos em cálculos trabalhistas, bem como, os escritórios de advocacia defenderem seus preços com base em seus diferenciais, assertividade, qualidade entregue e resultados efetivos proporcionados? Para exemplificar, destaco abaixo o que a qualidade em cálculos trabalhistas pode significar:
1. Mais dinheiro disponível em tempos de crise: Pagar o que é justo ao reclamante. Cálculos errados levam a empresa a pagar a mais que o devido. Provisionamentos corretos, visto que os realizados a maior, tiram recurso financeiro relevante da produção;
2. Menos contestações e impugnações: Cálculos com qualidade resultam em índices reduzidos de contestação e impugnação;
3. Menos prejuízos para Advogados e Reclamantes: Apresentar cálculos com valores apurados a menor, quando aceitos prejudicam não só aos reclamantes, mas seus advogados que terão seus honorários pagos em proporção também subestimada;
4. A qualidade em cálculos evita prejuízos às empresas: Cálculos trabalhistas acima do justo valor prejudicam as reclamadas, quando aceitos pelo juiz do trabalho;
5. Decisões embasadas corretamente: A falta de exatidão e ou clareza nos cálculos, apurações incorretas ou com relatórios confusos podem dificultar a decisão rápida e correta dos Juízes;
6. Redução de custos e tempo: Cálculos indevidamente apurados podem protelar e ou atrasar decisões. Cálculos mal elaborados custam mais para a reclamada, visto que Juiz pode solicitar cálculos periciais, cujas custas são repassadas à reclamada;
7. Redução do Passivo Trabalhista: Cálculos equivocados podem levar à perícia, o tempo do processo se estende, aumentando as custas que envolvem a defesa deste processo, prejudicando a redução acelerada do passivo trabalhista.
A ideia, neste pequeno texto, não é esgotar o assunto, contudo, provocar reflexões em torno da aquisição e da oferta diferenciada de qualidade em serviços para o Departamento Jurídico. Qualidade que compensa e custa muito menos para as empresas do que realmente aparenta. Chamo a atenção aqui para problemas de gestão e cultura de compras. Um tipo de miopia que afeta a melhor gestão dos recursos. Quem compra quase sempre não está autorizado a pagar por qualidade. Quem compra quase sempre não é treinado para encontrar serviços de real qualidade, que frequentemente valem a pena.
FONTE: EXAME.COM