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Empresa reduz jornada de funcionária que retorna da licença-maternidade
O fim da licença-maternidade costuma ser um momento doloroso para as novas mães. É quando elas precisarão se separar do bebê para retomar a rotina profissional.
Além da dor da separação, afinal mãe e bebê passaram toda a licença-maternidade juntinhos, também há a dificuldade da escolha. É preciso decidir se a criança irá para a escola, ficará com uma babá ou com um parente, como avó.
Esse dilema talvez explique o alto índice de pedidos de demissão das mulheres logo após o fim da licença-maternidade.
Estudo da consultoria KPMG com colaboradoras do Grupo Maersk em 76 países mostrou que a taxa de retenção das profissionais que voltaram da licença maternidade foi menor do que 70% no período de 2012 a 2014.
Para reduzir a fuga de talentos, o grupo decidiu reduzir em 20% a jornada das funcionárias que retornam da licença-maternidade em 51 dos 130 países, incluindo o Brasil.
Sem redução de salário, o benefício _será válido por seis meses desde que usufruído no primeiro ano de nascimento do bebê_ entra em vigor em abril.
Ricardo Arten, diretor superintendente da APM Terminals no Brasil, diz que o objetivo da empresa é que o benefício eleve para 90% a taxa de retenção de funcionários que voltam da licença-maternidade.
“Faz parte de nossa política de retenção de bons funcionários. E a empresa tem muitos talentos”, afirma Arten.
Segundo ele, a expectativa é que as funcionárias tenham mais tempo para aproveitar com os bebês. “Uma redução de 20% é bem significativa. Ajudará a mulher ter mais tempo para dar atenção ao filho.”
A executiva de vendas internas da Maersk Line, Carla Nuti Gonçalves Duarte, 30, será uma das beneficiadas pela redução de jornada.
Grávida de 5 meses de uma menina, ela espera poder usar a redução de 20% da jornada para folgar em um dos dias da semana.
Carla diz que pretende matricular a filha em uma creche da prefeitura. “Várias creches que visitei acabam fechando um dia da semana. Será útil para mim, que não tenho parentes por perto para me ajudarem a cuidar da bebê.”
CUSTO DO TREINAMENTO
Reduzir a jornada não é um benefício apenas para a funcionária que volta da licença-maternidade.
Se o objetivo de aumentar a retenção de trabalhadoras for alcançado, a empresa também ganha.
Estudo da KPMG para a Vodafone mostra que a contratação e treinamento de novos colaboradores para repor mulheres que deixam o trabalho após a licença maternidade custam US$ 47 bilhões anualmente às empresas em todo o mundo.
O grupo Maersk conta com mais 89 mil funcionários em todo o mundo, sendo 2.000 no Brasil. Aqui, as mulheres representam 23% da mão-de-obra.
O programa ‘retorno ao trabalho será implantado em 51 dos 130 países em que o grupo está presente. Isso significa que todas as funcionárias do grupo terão um período mínimo de 18 semanas de licença-maternidade.
No Brasil, a legislação já garante um período mínimo de licença-maternidade de 120 dias. Mas há países com um período de licença ainda menor que o nosso. Nos Estados Unidos, as empresas oferecem seis semanas. Na Índia, a licença atual é de 12 semanas.
FONTE: FOLHA DE SÃO PAULO